sexta-feira, 14 de novembro de 2014

FALANDO DE SÉRIE - THE FALL E DUPLA IDENTIDADE


Na primeira matéria sobre séries no Blog,vou falar sobre duas séries que deu e está dando o que falar.
Hoje estava vendo Dupla Identidade e vi muitas semelhanças com a série  anglo-irlandesa The Fall. Parece que Gloria Perez se inspirou em séries estrangeiras. Não é a primeira vez que surgem boatos (e semelhanças) de que  autores da Rede Globo se inspiram em algo já criado,como é no caso da telenovela Avenida Brasil,exibida em 2012,que se parece muito com a série norte-americana Revenge.




A primeira semelhança é a aparência entre os personagens de Paul (Jamie Dornan) e Edu (Bruno Gagliasso),um tipo comum,barba,olhos claros... Até ai tudo bem,okay?Depois vem a semelhança entre as detetives Stella (Gillian Anderson) e Vera (Luana Piovani),lindas,loiras,determinadas e solteiríssimas. E enfim as identidades dos personagens. Ambos são serial killers, matam jovens mulheres comuns e as modelam como bonecas.Porém,os dois tem suas vidas normais,se comportam como pessoas normais,pai de família (no caso de Paul) ou noivo atencioso (no caso de Edu) eles levam uma vida sem que desconfiem de suas duplas identidades.


Quem já vou The Fall e vê Dupla Identidade,consegue achar as semelhanças,principalmente quando dois policiais se envolvem e uma das vitimas consegue sobreviver ao ataque em ambas as séries.
Apesar de uma ter inspirado a outra são duas séries ótimas,que eu adorei e estou adorando. The Fall infelizmente só tem apenas cinco episódios,mas que a cada um somos contagiados com os rumos da série. Então se você vai ficar em casa esse fim de semana,prepara a pipoca e o coração,chama as amigas e se delicie com Jamie Dornan.
Até a próxima,BJU.
Aqui está o link da série The Fall http://megafilmeshd.net/series/the-fall.html

Por Laryssa Carsi

Por que ele estragou tudo?

- Na TV está passando luta. Ela gostava.
- Caramba, como ele gostava de ouvir essa música comigo.
- Será que ela ainda sente a minha falta?
- Nessa hora, ele deve estar em alguma festa com alguma vadia que ele conheceu.
- Mas ela já deve estar com outro, assistindo aqueles shows que gostávamos.
- Acho que vou ligar pra ele?
- Ela nunca mais me atendeu.
- Não, não quero atrapalhar a festa dele.
- Vou ler aquelas cartas que ela me mandou enquanto estávamos juntos.
- Caramba, aquelas fotos na praia são lindas.
- Saudades dela xingar a TV, torcendo comigo.
- Por que ele estragou tudo?
- Por que ela não deixou eu tentar mais?
- A casa fica tão vazia sem ele.
- Minha cama de solteiro está enorme sem ela aqui.
- Vou fazer um miojo.
- Acho que vou pedir pizza.
- Ele amava fazer miojos pra mim.
- A gente amava comer pizza juntos.
- Aonde será que ele está?
- Será que ela ficou com aquele amigo que sempre dava em cima dela?
- Tenho certeza que ele esta se divertindo com aquela “amiguinha” dele.
- Queria viajar com ela neste feriado.
- Era pra gente viajar juntos.
- Acho que vou ligar pra ela.
- Se ele ligar, dessa vez eu vou atender.
- Não. Ela não vai me atender.
- Será que aqui meu celular tem sinal?
- Vou desligar o celular.
- Droga. Tem sinal, mas ele não liga.
- Vou dormir para não pensar em como ela está se divertindo agora.
- Eu sozinha em casa e ele gargalhando por aí.
- Vou sonhar com ela.
- Espero não sonhar com ele.

-Hugo Rodrigues

Meu canalha interior



Meu canalha interior transborda por meus olhares carnívoros. Por meus lábios entorpecentes. E por meus caninos envenenados. Meu canalha interior grita em silêncio ao ver pernas de fora, decotes exagerados e bocas carnudas. Ele não ama as corretas, nem as puras, muito menos as santas. Meu canalha interior se apaixona repentinamente por pequenas falsas, dissimuladas e putas que não cobram em moedas. Me dão seu corpo em troca de carinhos rasos, de puxões fortes e de palavras insanas.

Meu canalha interior lê Bukowski, John Fante e Nelson Rodrigues. Odeia comédias românticas melosas demais ou versões do Nicholas Sparks. Meu canalha interior, às vezes – ou sempre – , me odeia também. Odeia meu jeito são de lidar com as pequenas. Meu canalha interior quer o sexo – com amor, sem amor, com nome, sem nome, tanto faz. Tem que haver tesão apenas, ele diz.

Meu canalha interior vive por minha roupa de baixo. Num canto perdido e escondido do mundo. Mas reina sobre mim, vez em quando. Uma vodca à mais. Um palavrão aqui, uma mordida de lábio acolá. Salta por minhas retinas e agarra, mesmo que apenas em meu inconsciente, as pequenas de uma vez só. Eu tremo. Eu troco de assunto. Eu chamo o garçom, o padre, Deus, minha mãe. Sei lá, porra.

Meu canalha interior não sente frio, mas adora quando está envolvido pelos braços quentes das mulheres. Meu canalha interior sente fome feminina. Hidrata-se de suor e gozo. Alimenta-se de beijos, mordidas e tapas. Meu canalha interior descarta as meninas que têm medo do pecado. Mas, ama sem pudor, aquelas que o chupa e o faz sua bomba de oxigênio particular.

Meu canalha interior me xinga toda vez que eu digo um “eu te amo” sincero, toda vez que eu me declaro a alguém ou nas vezes que rejeito sexo por fidelidade aos meus sentimentos por outra. Às vezes, meu canalha interior se disfarça de mim, que nem consigo percebê-lo. Quando acordo, já estou nu ao lado de uma desconhecida com batom borrado.
-Hugo Rodrigues

Te imagino em poses e sorrisos.


E te imagino em poses e sorrisos, voz grave e cabelos desgrenhados, preso nas minhas fantasias mais loucas e movimentadas. Numa delas sou um bichinho invisível, com asas, que adentra tua casa e te observa em segredo. Faço o contorno do teu corpo todo com os olhos, parada contra a parede do teu quarto, imóvel, enquanto tu te atiras na cama. Cansado. Tu olhas para o teto imaginando mil coisas, memórias, compromissos, desejos, saudades. Te fito com dor. A luz do abajur faz sombra na tua pilha de livros, que folheei um dia e quis pedir emprestado mesmo sabendo que não havia intimidade para pedidos. Por razões que desconheço, nossas aproximações foram sempre pela metade. Interrompidas. Um passo para a frente e cem para trás. Retrocessos. Descaminhos. Procuro sinais de algum amor teu. Vestígios de noites passadas. Tu não me vês, estou incógnita a te observar. Como sempre estive, olhando pelas janelas, de longe, coração apertado. Nós poderíamos ser amigos e trocar confidências. Assistiríamos a filmes, taça de vinho nas mãos, e tu me detalharias as tuas paixões e desatinos. Nós poderíamos ser amantes que bebem champanhe pela manhã aos beijos num hotel em Paris. Caminharíamos pela beira do Sena, e eu te olharia atenta, numa tentativa indisfarçável de gravar o momento e guardá-lo comigo até o fim dos meus dias. Ou poderíamos ser apenas o que somos, duas pessoas com uma ligação estranha, sutilezas e asperezas subentendidas, possibilidades de surpresas boas. Ou não. Difícil saber. Bato minhas asas em retirada. Tu dormes, e nos teus sonhos mais secretos, não posso entrar. Embora queira. À distância, permaneço te contemplando. E me pergunto se, quem sabe um dia, na hora certa, nosso encontro pode acontecer inteiro. Porque tu és o único que habita a minha solidão.
— Caio Fernando Abreu.

Pode dar na minha cara, mas… [+18]


Posso ser tua puta, mas não vou embora pela manhã.
Posso ser tua cachorra, mas não vou te lamber o saco em todos os momentos.
Posso ser tua piranha, mas que isso envolva sinceridade.
Pode dar na minha cara, mas não perca o respeito por mim além disso.
Pode gozar na minha boca, mas não me diga sentimentos cuspidos.
Pode me enforcar com força, mas não me prenda em teus braços.
Pode me chamar de tua, mas não me pense como uma propriedade qualquer.


Da porta pra dentro, somos só eu e você.
Abro minhas pernas o máximo possível. Grito. Suo. Gemo.


Ordeno. E ordeno ser ordenada.

Sou sua puta. Sua amante. Sua qualquer coisa.

Ali, sou tudo o que nunca fui.

Mete com força.
Goza na minha boca.
Bate na minha cara.


Me faz gozar, não me ligue amanhã e a-gente-se-vê-por-aí. Ou me ligue também.

Dentro da minha alma carrego tantos amores, e desamores, que se eu for contar histórias até minhas palavras mais doces terão um gosto de devassidão.

-Hugo Rodrigues

Ela é perfeita,mas não sabe


Geralmente, eu chego em casa cansado. Jogo minhas roupas pelo chão do quarto e sento no sofá com aquela cara de acabado. Ela chega, me grita atenção e fala como uma doida de como foi seu dia. Eu fico entre um “uhum” e outro. Entre uma risada e outra. Mas fico com olhos e ouvidos bem atentos, como um menininho ouvindo uma história de uma heroína que salvou a cidade e ainda lembrou de passar no mercado para comprar meu iogurte predileto.
Ela me faz massagens quando eu peço. Mas só aceita fazer caso eu prometa fazer nela também. Ela trabalha, estuda, inova em seu visual, malha, prepara a comida e ainda arruma tempo para me amar e me pedir para levá-la ao cinema. Às vezes, eu penso como é louco o amor. No começo, eu passava noites em claro só para descobrir a melhor forma de conseguir ter um encontro com ela. E, hoje, ela é quem me convida. No primeiro encontro, eu passei quase duas horas inteiras me arrumando. Coloquei minha melhor roupa e me encharquei com meu melhor perfume só para agradá-la. Hoje, ele me acha lindo de moletom ou suado após o futebol.
Ela me espera. Ela fica ansiosa para me ver e me liga só para dizer que está com saudades. Ela diz que ama e que morre de tesão por mim. Ela me faz carinhos e arranhões que nunca tive e me beija o corpo inteiro. Quando briga comigo por ciúmes é por medo de me perder.
Ela é perfeita, mas não sabe.
O meu lado possessivo até acha isso bom porque no dia que ela perceber que ela é dez mil vezes melhor do que qualquer mulher nesse mundo, vai querer outro cara dez mil vezes melhor do que eu.
E há vários caras perfeitos por aí.
Mas não sei como, ela se encantou por minha barba mal feita, por minhas piadas sem graça e por meus olhos cansados.
Bendita a sorte a minha.
Até hoje, não sei o que falei para ter roubado a atenção dela. E, se um dia descobrir, falarei o dia inteiro. Trato-a como uma rainha tendo a certeza de que não sou merecedor de um lugar em teu altar. Mas me esforço tanto que ela acha graça até das minhas imperfeições.
Você já parou para pensar na sorte que tem em ser o sonho da mulher dos seus sonhos?
--Hugo Rodrigues 

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Despedida - Homenagem aos 113 anos de Cecília Meireles.

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão,
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces? - me perguntarão.
- Por não ter palavras, por não ter imagens.
Nenhum inimigo e nenhum irmão.

Que procuras? - Tudo. Que desejas? - Nada.
Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação...
Talvez eu morra antes do horizonte.
Memória, amor e o resto onde estarão?

Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão!
Estandarte triste de uma estranha guerra...)

Quero solidão.
-Cecília Meireles

Lua Adversa - Homenagem aos 113 anos de Cecília Meireles.

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!

Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles

Retrato - Homenagem aos 113 anos de Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?
-Cecília Meireles

Motivo - Homenagem aos 113 anos de Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
-Cecília Meireles